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sábado, 2 de junho de 2012

Produtos de limpeza clandestinos ameaçam saúde



Anvisa alerta para o perigo de comprar sabão, detergente e água sanitária sem registro na rua. “Piratas” podem causar alergias, intoxicações e até a morte

Quando o consumidor adquire um produto clandestinamente, não tem qualquer tipo de garantia sobre a confiabilidade do que está comprando. Se o item ilegal for um saneante (produtos de limpeza e conservação, como água sanitária, sabão e detergente), além de não haver garantias de qualidade, põe-se em risco a segurança e a saúde de quem compra e de seus familiares. A Anvisa alerta para o perigo de um hábito cada vez mais comum nas grandes cidades: adquirir produtos de limpeza sem qualquer tipo de regularização vendidos nas ruas.

O comércio de saneantes ilegais virou motivo de preocupação para as autoridades em 2001. Naquele ano, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) realizou, em São Paulo, uma pesquisa para a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). O estudo analisava a venda nas ruas dos seguintes itens: água sanitária, detergentes, multiusos, amaciantes e desinfetantes.
Concluído o trabalho, a Abipla apresentou os resultados à Anvisa. “Os dados eram assombrosos”, lembra a gerente-geral de Saneantes da Agência, Tania Pich. Ela recorda que a pesquisa constatou que aproximadamente 40% da água sanitária consumida, só no município de São Paulo, eram ilegais. “Trata-se de um produto de alto risco, à base de cloro. Se houver excesso deste elemento na fórmula, pode-se provocar intoxicação respiratória”, alerta. “Já a baixa quantidade de cloro torna a água sanitária ineficaz para matar as bactérias e deixar o ambiente limpo”, completa.

Para combater o problema, a Anvisa criou em 2002 um grupo de trabalho formado por membros da Agência, representantes do setor regulado e funcionários das vigilâncias sanitárias estaduais de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás. O resultado imediato das atividades desse grupo foi a publicação, em 2003, da cartilha Orientações para os Consumidores de Saneantes.

O material reúne imagens e informações sobre quais são os produtos saneantes e como eles devem ser utilizados; o que é vigilância sanitária; como os produtos saneantes são controlados; e como identificar os clandestinos (piratas). “Para serem vendidos em supermercados, lojinhas, mercearias e outros locais de comércio, a Anvisa exige que as empresas desenvolvam produtos saneantes seguros, que dêem bons resultados e com rigoroso controle da qualidade”, diz um trecho do documento. “Todos os fabricantes são obrigados a seguir normas legais e técnicas e obter autorização do Ministério da Saúde para cada produto saneante colocado à venda”, explica o texto.

Cores fortes – Em outro trecho, a cartilha chama a atenção especificamente para os produtos de limpeza piratas: “Os saneantes clandestinos são vendidos por ambulantes em caminhões, peruas, de porta em porta, mas também costumam ser oferecidos em lojas que revendem produtos e artigos para limpeza em geral”. A cartilha informa que os “piratas” podem causar queimaduras, problemas respiratórios, irritações, machucados e graves intoxicações.

O material da Anvisa reproduz uma foto com várias garrafas reaproveitadas de refrigerantes, com um visual bastante chamativo. Novamente, a cartilha alerta para a segurança do consumidor: “produtos saneantes clandestinos geralmente têm cores bonitas e atrativas, principalmente para crianças, e costumam ser vendidos em embalagens reaproveitadas de refrigerantes, sucos e outras bebidas. Esses produtos, quando ingeridos, podem causar sérios danos à saúde e até a morte”.

Segundo Tania Pich, um dos maiores problemas quanto aos produtos piratas é o desconhecimento sobre o conteúdo das substâncias. O produto comercializado legalmente reúne várias informações úteis, como sua composição química, alertas para que a embalagem fique longe do alcance das crianças, número do registro no Ministério da Saúde e um telefone para atendimento de emergência. “Desintoxicar uma vítima do saneante ilegal é mais difícil, pois não há informações sobre os componentes da fórmula e que procedimentos devem ser adotados”, observa Tania. “Alguns dos corantes responsáveis pela cor viva dos produtos são proibidos, por serem nocivos à saúde”, assinala.

Televisão – A fiscalização da venda de produtos de limpeza ilegais é responsabilidade das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Tania Pich afirma que esse trabalho é árduo. “Os vendedores ora estão no meio de uma rua, ora no quintal de uma casa. Eles têm uma mobilidade muito grande e fica difícil ir atrás deles”, lamenta.

Nesse contexto, a informação é uma arma eficaz. “O objetivo da nossa ação é proteger a saúde da população. Ela precisa saber que, no caso dos produtos ilegais, citando o ditado popular, o barato sai caro. Se o consumidor economiza alguns reais por aquele sabão ou detergente, depois pode gastar muito mais com remédios e tratamentos de saúde”, avisa Tania.

A gerente de Saneantes queixa-se de emissoras de televisão e de algumas instituições que ensinam as pessoas a fabricarem artigos de limpeza em casa e ainda as incentivam a comercializar essa produção. “Você pode até fabricar e usar na sua casa, mas não vender. Ninguém tem permissão de vender algo sem registro”, adverte. Tania revela que a Anvisa quer realizar um trabalho de conscientização de fabricantes de produtos ilegais, para que eles regularizem sua situação na vigilância sanitária de sua cidade. A idéia é divulgar a cartilha para estimular a legalização, tanto dos produtos como dos fabricantes.
 


Fonte: ANVISA

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