Audiência
pública, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, discutiu, nesta
quarta-feira (9/5), em Brasília (DF), o uso de agrotóxicos no Brasil. O
impacto negativo desses produtos na saúde humana foi a principal
preocupação abordada pelos debatedores.
A
pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Anamaria
Tambellini, abriu a audiência e expôs o risco potêncial que os
agrotóxicos podem causar na saúde das pessoas. De acordo com Anamaria,
todos os agrotóxicos são biocidas, ou seja, foram feitos para matar
organismos indesejados na agricultura.
“A
gente sabe que é perigoso e tem que ter controle”, explicou Anamaria.
Segundo a pesquisadora, é preciso que todos os atores que tem contato
direta ou indiretamente com esses produtos se protejam de exposições.
Confirmando
esta preocupação, o deputado federal Padre João (PT-MG) apontou os
agravos causados por agrotóxicos na saúde. “É uma coisa escandalosa o
número de câncer e outras doenças associadas e, infelizmente, os dados
são maquiados”, discursou o deputado.
Já
o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor
Álvares, apresentou a regulação dos agrotóxicos como forma de contribuir
para a saúde das pessoas. “Nós não temos posição ideológica contra
agrotóxicos, nós temos é que ter cuidado com a forma de produção, com a
comercialização, com a prescrição e, principalmente, com a aplicação”,
expôs Álvares.
De
acordo com o diretor da Anvisa, no que diz respeito aos agrotóxicos,
existe uma linha tênue que separa os efeitos desejados e os efeitos
negativos na saúde da população. “Do ponto de vista da saúde não vamos
abrir mão do nosso dever institucional em favor da população”, disse
Álvares.
Saúde pública
Outro
ponto levantado foi a questão do uso de agrotóxicos como um problema de
saúde pública. “Os agrotóxicos são um problema de saúde pública e
ambiental, pois não existem níveis seguros de uso desses produtos”,
defendeu o coordenador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e
pela Vida, Cleber Folgado.
Para
enfrentar esse desafio de saúde pública, o diretor do Departamento de
Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da
Saúde Pública, Guilherme Franco Netto, apresentou o “Plano integrado de
Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos”. Segundo
Netto, com foco na atenção integral as populações expostas, promoção à
saúde, agenda integrada de pesquisas e estudos e participação e controle
social, o plano estará integrado em todas a unidades federadas até
2015.
Alternativas
Como
forma alternativa à produção tradicional de alimentos e, consequente,
diminuição de exposição a agrotóxicos, o representante da rede Ecovida
de Agroecologia, Vinicius Freitas, defendeu a implementação de um
sistema de produção agroecológico sustentável. “É um rompimento com o
sistema tradicional, sendo que a base dessa economia é o capital social e
o capital ambiental”, afirmou Freitas.
Audiência
A
audiência foi conduzida pelo presidente da Comissão, o deputado
Raimundo Gomes de Matos (PSDB – CE), e pelo deputado Jesus Rodrigues
Alves (PT -PI). A discussão fez parte da programação da 1ª Semana de
Vigilância Sanitária no Congresso Nacional. Também foram expositores o
professor da Universidade Federal do Paraná, Victor Pelaez, e o
presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Luiz
Antônio Lucchesi.
Fonte: Imprensa / Anvisa
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